As donas de casa e os proprietários de restaurantes que foram às compras de tomate nas últimas semanas levaram um susto: o preço disparou e o produto foi apontado como vilão da inflação por vários indicadores de preços.
No Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de julho, apurado pela FGV, o tomate subiu 67,25%. No Índice de Preços por Atacado (IPA) da FGV, a cotação do tomate quase dobrou: subiu 93,12%, a maior variação mensal para esse produto desde que o real entrou em circulação, em julho de 1994.
Geane Carvalho, assistente de compras da cantina Pasquale, que compra semanalmente 100 quilos de tomate para abastecer a cozinha do restaurante italiano que só usa o produto fresco, conta que está tendo mais trabalho para negociar com os fornecedores. "Temos três fornecedores na Ceagesp, mas se os preços não são adequados, o dono do restaurante vai direto ao Mercadão, onde ele compra direto da roça", conta a assistente de compras. O tempo, diz ela, tem sido apontado pelos fornecedores como o culpado pelos preços do produto terem disparado nas últimas semanas.
Alexandra Luppi, agrônoma e chefe da Casa da Agricultura de Mogi Guaçu (SP), um dos principais polos produtores de tomate do País, explica que o aumento das chuvas em junho ampliou a incidência de doenças e atrasou o plantio. "Depois veio o frio que está retardando o amadurecimento dos frutos", observa.
Alexandra acrescenta que os preços baixos da última safra também fizeram produtores reduzir a área com tomate. "Mas neste ano, tem produtor rindo sozinho", diz ela. Na semana passada, um produtor de Mogi Guaçu recebeu R$ 100 por caixa de tomate. Com isso, ele vai faturar R$ 1,4 milhão com a produção de tomate, que ocupa uma área de 4,5 hectares.
Veículo: O Estado de S.Paulo
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